domingo, 27 de março de 2011

ONU MULHERES


Logo_ONU_MULHERES_Port
Todos os anos o mundo rememora o aniversário do massacre de Sharpville de 1960, em que dezenas de manifestantes pacíficos foram mortos a tiros pela polícia sul-africana do apartheid porque protestavam contra as leis discriminatórias em função da raça.
Este ano, o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial está consagrado a combater a discriminação de que são objeto os afrodescendentes. Elegemos este tema para refletir sobre a proclamação da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2011 como Ano Internacional dos Afrodescendentes.
A discriminação contra os afrodescendentes é prejudicial. Em geral, estão presos à pobreza devido à intolerância, e se utiliza a pobreza como pretexto para excluí-los ainda mais. Muitas vezes, eles não têm acesso à educação por causa dos preconceitos, e logo a instrução insuficiente é alegada como motivo para negar-lhes postos de trabalho. Essas e outras injustiças fundamentais têm uma longa e terrível história, compreendida pelo tráfico de escravos transatlântico, cujas consequencias são sentidas ainda hoje.
Há uma década em Durban, a Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância aprovou um amplo programa de luta contra o racismo com visão de futuro em que figurava em destaque o fomento da plena participação dos afrodescendentes na sociedade. O Ano Internacional oferece a oportunidade de avançar neste combate e de reconhecer as vastas contribuições dos afrodescendentes ao desenvolvimento político, econômico, social e cultural de todas as nossas sociedades.
Para derrotar o racismo temos que acabar com as políticas públicas e as atitudes privadas que o perpetuam. Neste Dia Internacional, faço um chamamento aos Estados Membros, às organizações internacionais e não-governamentais, aos meios de comunicação, à sociedade civil e a todas as pessoas para que participem ativamente na promoção do Ano Internacional dos Afrodescendentes e combatam conjuntamente o racismo quando e onde ele surja.

Fonte: Lista Racial


Leia materia completa: Mensagem do Secretário-Geral, Ban Ki-moon, por ocasião do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial - Portal Geledés 

domingo, 13 de março de 2011

AOS DOUTORES DA ACADEMIA



Diacuí Pataxó

Estou farta desses intelectualóides titulados e tutelados que permitem a privatização estatal de sua vidas e querem exigir o mesmo de mim. 
Cansada de suas hipocrisias, mediocridades e suas bobagens livrescas e enciclopédicas. 
Enojada de suas exigências minuciosas que não levam ninguém (a não ser eles mesmos) a lugar nenhum, mas podem tirar muita gente do caminho. 
Enjoada de suas caras bobas, de onde me fitam olhos de desprezo, desprezíveis. 
Realmente, assumo, eu não sei filosofar, eu não decorei vossos livros, vossas coleções, vossos sábios de gabinete. Sócrates não leu ninguém nem escreveu nada! Eu não sei vossa filosofia, eu não sei filosofar!
Muitos de vós, a maioria mesmo, sabeis apenas repetir o que houvestes lido e, juntando pedaços e recortes de um e outro forjais o que chamais vosso próprio pensamento, vossa própria filosofia.
“Eu tenho a minha loucura, levanto-a como um facho a arder na noite escura... não me peça definições... não me diga: vem por aqui..só vou por onde me guiam meus próprios passos...” “Olhai os lírios do campo...” e poderia deter-me aqui em muitas poesias - lêde poesia ou só filosofia? – a explicar-vos vossa soberba e ignomínia, vossa fraqueza e mediocridade; vossa vida e insanidade, assim, recitando versos...
Deixaste-vos carimbar, rotular, registrar, vendeste-vos! Paciência! No mundo das aparências em que viveis, pensando estar no das idéias, não sou nada e até para ser mais uma sombra necessito de vossa aprovação, de vossa avaliação. 
Mais medíocre eu, que me submeti a tal, expondo-me ao ridículo, colocando-me a mercê de pobres diabos ignorantes como vós, todos que se julgam “sábios” e “doutores”, porque outros, tanto quanto (parvos), assinou-vos um pedaço de papel, assim testemunhando, após haver escrito páginas e páginas sobre o que os outros disseram, fizeram e pensaram!
Pensais ser grandes! Desiludi-vos de vossa grandeza, despi-vos de vossa megalomania pseudo-sábios. 
Sois pó, lama, como todos nós, outros mortais! Acaso ides ao banheiro? Excretais ou não? Necessitais banhar-se ou não fedeis nunca?
Fazeis troça de quem não conheceis, Sentindo-vos donos da situação ousais humilhar os pequenos, mas só a vós mesmos tendes diminuído quando tentais desmerecer a outrem.. 
Ouvi e entendei , sepulcros caiados, a farsa que representais já está desnuda na própria filosofia. 
Não calareis nunca o meu, o nosso grito que, como as lições de Sócrates, continuará ecoando em outras bocas, como as bombas de Bakunin continuará explodindo em outras praças; como os tiros das armas de todos os revolucionários mortos em combate e continuará alvejando outros mercenários como vós, séculos após séculos, milênios... a denunciar vossa pusilanimidade e os interesses escusos que motivam suas ações.
Usais brincos na orelha, andais com ginga, tendes tatuagem nos pés e nas mãos para com tudo isso compor a “persona pós-moderna”, o novo, o futuro, mas vossa mente sustenta-se no atraso, na tradição, no preconceito e na discriminação... 
bobos da corte, marionetes, fantoches macabros, dançais dentro de sedas e ternos caros o ritmo lúgubre da morte dos excluídos. 
Sois cúmplices dos encapuzados, dos endinheirados, dos capa preta, dos mandantes, dos coronéis, dos assassinos de colarinho branco, dos carrascos sangrentos do analfabetismo, da fome e da doença... até em vossos livros os bajulais e isto é fácil de provar!
Quereis representar a modernidade, mas viveis fechados em vossos próprios feudos (alguns conformando-se com pequenas baias brancas, cheias de computadores e bugigangas dentro)! O inusitado, mas não passais de repetição. Quereis representar a vanguarda intelectual, mas sois racistas, tolos, rasos e atrasados! 
Fazeis o discurso da democracia e da igualdade mas sois tiranos nojentos, ditadores pusilânimes, capazes sabe-se lá de quê para conquistar vossos objetivos. 
Representais o passado! 
Subliminar à vossa bandeira branca da paz pode-se ver as fileiras disciplinadas, carregando a suástica de Hitler, as traições de Stálin, os assassinatos cometidos por Pinochet, Mussolini, Vargas e tantos outros ditadores de carteirinha pelo mundo afora que se locupletaram do poder público para enriquecer suas próprias contas bancárias e perseguir aqueles que pensam diferente dos seus instintos genocidas, etnocidas, homofóbicos, fratricidas, elitistas, desumanos!
“Viva o país do bandido, salve pátria do jaguar!”

ULTIMATUM


`´ALVARO DE CAMPOS


Mandado de despejo aos mandarins do mundo:
Fora tu reles esnobe plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade e tu, da juba socialista, e tu qualquer outro.
Ultimatum a todos eles e a todos que sejam como eles todos.
Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral que nem te queria descobrir.
Ultimatum a vós que confundes o humano com o popular
Que confundes tudo!
Vós anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores para quererem deixar de trabalhar.
Sim, todos vos que representais o mundo, homens altos passai por baixo do meu desprezo
Passai, aristocratas de tanga de ouro,
Passai frouxos
Passai radicais do pouco!
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa, descascar batatas simbólicas
Fechem-me isso a chave e coloquem a chave fora.
Sufoco de ter só isso a minha volta.
Deixem-me respirar!
Abram todas as janelas
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo.
Nenhuma idéia grande, nenhuma corrente política que soe a uma idéia grão!
E o mundo quer a inteligência nova
O mundo tem sede de que se crie
O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro.
O que aí está não pode durar porque não é nada.
Eu, da raça dos navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir o mundo novo.
Proclamo isso bem alto, braços erguidos, fitando o Atlântico
e saudando abstratamente o infinito.
Álvaro de Campos – 1917

Maria Bethânia - Ultimatum

A MULHER - DO AMOR À NECESSIDADE DA LEI



Vocês, que me conhecem, sabem que eu sou apaixonada por esta causa, a causa da mulher.  
Se vou falar de civilizações antigas, quero falar do papel da mulher nelas, na Atenas grega, berço da democracia, a mulher, assim como crianças, escravos e homens pobres, não tinha a cidadania reconhecida,a Igreja Católica Apostólica Romana queimou vivas em praça pública muitas "bruxas" , ciganas, curandeiras, parteiras, rezadeiras, numa perseguição inclemente e insana a tudo, a todos e todas que ameaçassem seu trono, seu poder e sua glória sobre a terra, com um mínimo de conhecimento que fosse!se vou falar da Primeira ou da Segunda guerra mundiais tenho que falar das mudanças que elas geraram na vida das mulheres e a participação das mulheres nas Guerras, e o feminismo e Simone de Beauvoir e Frida Kahlo  - aliás, duas mulheres que viveram um grande amor, que encontraram suas almas gêmeas, mas não moraram o tempo todo com elas... Simone e Sartre nunca moraram na mesma casa
 e Frida e Diego, quando se casaram pela segunda vez fizeram uma ponte na casa, para irem um ao quarto do outro.(A pomba e o elefante).  
Frida Kahlo é a mulher mais marcante que viveu no século XX, ela e Simone de Beauvoir.  Mas Frida ainda havia tido a poliomielite, o acidente do bonde e Diego: "Yo he sufrido dos accidentes graves en mi vida, uno en un autobús que me tumbó…el otro accidente es Diego." Frida Kahlo.  Só Com a irmã dela ele teve seis filhos.
De muitas formas os homens matam suas mulheres, suas não, que elas não são deles, mas eles teimam em tomá-las como objeto, como coisa sua.  Houve um crime em Itabuna há uns dois anos atrás em que o assassino arrancou o bico dos seios com o garfo de churrasco e os olhos com o saca-rolhas.  A teoria do assassinato de Elisa Samúdio é que ela foi espancada, torturada, morta, esquartejada, partes do seu corpo foram dadas aos cães e parte foi enterrada na parede de algum lugar.  Não se acha o corpo dela.  Antigamente os Senhores enterravam as esposas vivas nas paredes das casas grandes das fazendas.
Desde Lílith se persegue as mulheres, condenada a parir demônios, foi logo substituída por Eva, mais tarde expulsa do paraíso.  Até o apóstolo  diz na Bíblia:
"o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja" (Ef 5:23). Lemos em 1 Coríntios 14:34,35: "As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja."
Aliás, é na Bíblia mesmo que vamos encontrar as arbitrariedades e grande fomento às injustiças perpetradas contra as mulheres ao longo de milênios.  A religião, principalmente as chamadas Religiões de Livros Sagrados: o Cristianismo, O Islamismo e o Judaísmo, com a Bíblia, o Alcorão e o Torah - investe fortemente contra a mulher, proibida de falar, de se expressar, de se mostrar, de ser, coberta, morta a pedradas, empalada, vestida na burca, coberta pelo véu.  É nas religiões de origem africana, na umbanda e no candomblé que encontraremos a mulher tendo direito de ser a sacerdotisa mais importante do culto, a mãe de santo, a Yalorixá
Iyalorixás do Candomblé.  Ao centro Mãe Olga do Alaketu.
(Iyalorixá ou Iyá (mãe) ou ainda Yalaorixá é uma sacerdotisa e chefe de um terreiro de Candomblé Ketu.
Iyá no dialeto Yorubá significa (mãe), bem como a junção Iyaiyá (mamãe) ou Iaiá (tendo o mesmo significado de mamãe, senhora, forma carinhosa de falar com a mãe, ou senhora da fazenda muito usada pelos escravos).- wikipédia)
Nas religiões africanas a mulher tem poder. Não está subjugada ou submetida.  Infelizmente a mulher africana atravessa sérios problemas, mas isto não é d'agora, já dura pelo menos cinco séculos, desde que os brancos europeus foram lá arrancar seus filhos e a elas mesmas de seu continente, para levá-los, escravos, ao outro lado do mundo!  Outros brancos europeus foram lá e fincaram-se, relegando a população nativa à miséria, ao analfabetismo e à pobreza, como o caso do Apartheid na África do Sul.
Na Idade Média, a prima notte, costume imposto pelos senhores feudais, dava-lhes o direito dormir com a noiva de seu servo na noite de núpcias...
No Brasil, depois da Lei Maria da Penha, promulgada pelo Presidente Lula, em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, (a 
criação de uma legislação específica contra a violência doméstica e familiar reflete a importância dos Tratados de Direitos Humanos da Mulher, ratificados pelo Brasil, que são: a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher e a Convenção Interamericana para  Prevenir, Punir e Erradicar a Violência  contra a Mulher) aumentou o índice de denúncias de violência contra a mulher.  A violência doméstica e familiar contra a mulher é definida na Lei Maria da Penha não só como a violência física, mas o legislador foi muito mais abrangente e atencioso quando disse: ela (a violência) é física, psicológica,sexual,  patrimonial e moral. Lamenta-se que as medidas protetivas : (Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. - GRIFO NOSSO -
§ 1o  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.) não estejam sendo cumpridas como devem ser, pelos magistrados.  A execução das medidas protetivas é o ponto chave para a efetivação desta Lei. Cabe ao Ministério Público e a nós, cidadãos, denunciar e cobrar, agir incansavelmente, estar atentos, vigiar, a fim de que possamos entrever uma mudança na sociedade, novos tempos, onde a mulher vai poder se sentir amparada e segura pela instituição Judiciária, cujos pares tão bem remunerados não correspondem em produção laboral ao que recebem da sociedade civil através de seus riquíssimos honorários pagos pelo Estado Brasileiro, haja vista se fale tanto em "morosidade da justiça". Cabe aos senhores juízes e senhoras Juízas conhecerem a lei e cumprirem os prazos nela epigrafados. Urge que se crie no Poder Judiciário, uma Vara específica para defesa da mulher. Façam isso , aproveitem o conforto de seus gabinetes e detenham-se sobre a Lei, estudem-na e façam-na cumprir na sua íntegra, afinal, as mulheres são mais da metade da população do mundo!

Maria de Lourdes da Silva
 Animus Mutandi
 (73) 9136 6882
link afim: http://www.geledes.org.br/images/stories/noticias/rosa_negra.jpeg
http://www.geledes.org.br/

A violência contra a mulher é uma das formas mais cruéis de atentado aos direitos humanos