quinta-feira, 22 de agosto de 2013

DENUNCIE SEMPRE


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A CASA DAS OSTRAS

A casa das Ostras
das outras
das tais
nóias
sacis.
Nela
conchas e pérolas
se esvaem
e a sangria
do Estado
favorece
as Evas e
as Veras.
Menos
a verdade.
Menos as 
Pérolas.

O Relato de Tuca

       
        "  Eu sou Tuca, tenho 27 anos, 3 filhos.  Comecei a usar droga  - inicialmente cigarro e maconha, com apenas 13 anos e aos 15 tive uma grande decepção, quando perdi meu pai e a tristeza e o desamparo que senti me levaram a experimentar o crack.  Daí em diante minha vida mudou completamente, abandonei minha casa e minha família e até debaixo do viaduto já morei.  Cheguei a vender meu cabelo quando não tive mais opção.  Minha família foi me buscar.  Naquela época eu entrei pela quarta vez no Centro de Recuperação, mas não fiquei pois queria estar ao lado do meu companheiro e ele não queria se internar.  Algum tempoo depois acabei cedendo e fui me tratar, mas sempre que saía encontrava os "velhos amigos", e lá vinham de novo os mesmos convites para uma bebida, um trago...  muitas vezes fui vítima de constrangimento policial, já tomei choque, já tomei broca e muitas vezes fui obrigada a me despir no meio da rua a mando deles:  Essa vagabunda tem droga escondida aí, tira a roupa ai...
          Mesmo assim minha família sempre me buscava.  Às vezes até me deixavam de mão, mas se eu telefonasse, eles compareciam, pagavam dívidas na boca de fumo.
          Lá fora encontrei muita traição e sempre clamando por Deus e pedindo a proteção dEle. Nos momentos de pânico e de medo sempre pedia perdão a Deus, pra voltar e ver minha família, ver minha avó e meus filhos.
          De todos os centros terapêuticos, o que mais tem me ajudado é esse (Casa das Pérolas).  Agradeço à Equipe técnica, em especial a Tia Vera, Rui e Rodrigo, Tia Rita, pois quando desacreditei de tudo, mais uma vez e fugi eles foram me buscar dentro da "cracolândia" e abriram as portas mais uma vez para mim.  Naquele dia eu prometi a Deus que ia mudar de vida.
          A morte de meu avô também foi um baque para mim, mas me conforta saber que ele e meu pai estão num bom lugar.
          Quero devolver a paz à minha família, criar meus filhos, cuidar de minha avó e daí por diante ser uma nova mulher, uma nova pessoa diante da comunidade.
          Agradecer a Deus, à minha avó, meus tios e tias... a seu Candinho e Dona Eurice por estarem criando minha filha e por terem feito ela saber que eu sou sua mãe.  Agradeço a todos os meus parentes, às minhas colegas, à Lourdes, sempre procurando elevar minha auto-estima, todas as minhas amigas residentes daqui e todos os convidados e peço que não desistam de nós e continuem acreditando em nossa mudança."


A violência contra a mulher é uma das formas mais cruéis de atentado aos direitos humanos