terça-feira, 20 de setembro de 2011

Discurso de Dilma na ONU



 (parcial)
19/09/2011
(...)
A criação da ONU mulheres significou na visão do Brasil um passo a frente para a ação coordenada em prol daquelas que representam não uma minoria, e sim mais da metade da humanidade.  Demonstra que longe de ser um tema acessório a questão de gênero é hoje prioridade da agenda internacional

Apesar de alguns avanços notáveis a desigualdade permanece em pleno século XXI, são as mulheres  as que mais sofrem com a pobreza extrema , o analfabetismo, as falhas do sistema de saúde, os conflitos e a violência sexual.  Em geral as mulheres ainda recebem salários menores pela mesma atividade profissional e tem presença reduzida nas principais instâncias decisórias
A crise econômica e as respostas equivocadas a ela podem agravar este cenário intensificando a feminização da pobreza, por isso, combater as conseqüências e também as causas da crise é essencial para o empoderamento das mulheres. 
Minha contribuição nesta reunião será a de compartilhar um pouco da experiência e visão  do Brasil sobre o papel das mulheres  na construção tanto de sua própria autonomia  quanto do desenvolvimento da paz e da segurança, processos que  para nós são interdependentes.  Senhoras e senhores, O Brasil está comprometido com os objetivos do desenvolvimento do milênio, bem como com os principais instrumentos internacionais sobre gênero.  Apoiamos com igual satisfação a convenção e a recomendação da  OIT sobre os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores domésticos. Em meu país ainda resta muito a ser feito para ampliar a participação das mulheres.

Fui eleita primeira mulher presidenta do Brasil 121 anos depois da proclamação da República e 78 anos após a conquista do voto feminino. Somos 52% dos eleitores, mas apenas 10% do Congresso Nacional.   Tenho me esforçado para ampliar a contribuição feminina nos espaços decisórios. 10 ministérios do meu governo são comandados por mulheres. Em especial quero enfatizar que o núcleo central do meu governo é constituído por mulheres ministras .
O Brasil criou em nível ministerial a SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES, cujo objetivo é incorporar a perspectiva de gênero em todas as políticas públicas, tais ações são desenvolvidas com intensa participação das brasileiras, por meio da CONFERÊNCIA NACIONAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES que este ano terá a sua terceira edição.

Meu país, nos últimos anos, vem desenvolvendo-se de forma sustentável, aliando crescimento econômico, distribuição de renda, geração de empregos e responsabilidade ambiental.

Comecei meu governo lançando um novo desafio: erradicar a pobreza extrema.  São as próprias mulheres, que tanto sofrem com a pobreza, as principais aliadas das políticas voltadas para a sua superação.  Elas têm prioridade em programas sociais como de transferência de renda e o de crédito para habitação, o que se reverte na melhoria da qualidade de vida delas mesmas e de suas famílias.   São elas que nas famílias, se encarregam de gerir os benefícios  originários das nossas políticas sociais.   As mulheres são também aliadas do desenvolvimento sustentável e de uma necessária mudança de padrões de consumo.    Conto com vocês para promover expressiva participação feminina na Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável  Rio+20, que o Brasil terá o privilégio de sediar  em 2012.
Minhas queridas companheiras, outro elemento fundamental de nosso compromisso com as mulheres, inclusive no que se refere a seus direitos sexuais e reprodutivos é o aperfeiçoamento de serviços de saúde. Tendo em vista a persistência dos altos índices de mortalidade materna, elegi como prioridade garantir às mães atendimento seguro e humanizado desde a confirmação da gravidez até os dois primeiros anos de vida do bebê, além disso, diminuímos a ocorrência da gravidez na adolescência, aumentamos a distribuição de anticoncepcionais e intensificamos as ações para prevenir, diagnosticar e tratar o câncer de colo de útero e de mama, bem como para Combater o avanço da AIDS entre as mulheres.
Minhas queridas senhoras e minhas queridas companheiras, as mulheres são especialmente interessadas na construção de um mundo mais pacífico e seguro Quem gera a vida não aceita violência como meio de solução de conflitos, por isso devemo-nos engajar  na reforma da governança  global para que a comunidade internacional tenha mecanismos mais representativos e eficazes de ação com uma paz sustentável.

A existência de conflitos armados vitima especialmente às  mulheres e cada vez mais as crianças

Senhoras e senhores, além disso, as mulheres estão sujeitas a violência em tempos de paz, muitas vezes sofridas em suas próprias casas, para combater esse mal o Brasil criou a s delegacias especializadas e uma central de atendimento à mulher, bem como estabeleceu Legislação especial de prevenção e punição das agressões feitas à mulher  denominada Lei Maria da Penha reconhecida hoje em todo mundo .  Tenho certeza que uma mudança cultural também seja necessária para por fim ao lamentável, mas persistente hábito de atribuir às mulheres a responsabilidade pela violência que sofrem.
Minhas queridas senhoras, a recusa da desigualdade é plenamente compatível com a valorização da diferença . Promover os Direitos Humanos é combater a discriminação baseada em gênero, raça, condição física, orientação sexual, pensamento diferente e religião.  Essas lutas são todas indissociáveis.

Sei que nos momentos difíceis cada uma de nós busca força e inspiração nas mulheres que ao longo da história  resistiram a todas as formas de opressão, naquelas que apareceram diante do mundo e também em todas as mulheres anônimas e suas lutas anônimas.  A elas agradeço a possibilidade de ocupar essa tribuna e de dizer a todas as meninas e mulheres do mundo que com coragem, tenacidade e altivez, é possível conquistar os nossos sonhos

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A violência contra a mulher é uma das formas mais cruéis de atentado aos direitos humanos