segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

LINDEMBERG DEVE SER CONDENADO




Esperemos que se faça justiça, pois o assassinato de mulheres no Brasil, por seus namorados, maridos, companheiros chega às vias da barbárie. Chama-se feminicídio (assassinato de mulheres por motivo de gênero em meio a formas de dominação, exercício de poder e controle sobre as mesmas.)  

Esta semana pudemos comemorar no Brasil mais um avanço na defesa dos direitos da mulher, é que agora, pela Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/2006,  o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nessa quinta-feira (9/02) que não apenas a vítima de violência doméstica pode registrar ocorrência contra seu agressor, qualquer pessoa pode comunicar a agressão à polícia. O Ministério Público poderá apresentar denúncia contra o algoz mesmo contra a vontade da mulher. A decisão foi tomada em uma ação direita de inconstitucionalidade proposta pela Procuradoria Geral da República contra o artigo da Lei Maria da Penha que exigia representação apenas por parte da vítima em casos de lesões leves provocadas por atos de violência doméstica. O placar foi de dez votos a um.
“Não se coaduna com a razoabilidade deixar a atuação estatal a critério da vítima, cuja expressão de vontade é cerceada pela violência, que provoca o medo de represálias”, disse o relator, ministro Marco Aurélio.
Eloá é mais uma vítima do sentimento de posse do homem sobre a mulher, que prevalece na sociedade.  Ela deixa de ser vista como pessoa e passa a ser vista como objeto, pertence do sujeito e com coisas podemos fazer o que queremos. Coisas não podem nos dizer não, coisas não podem não nos querer, podemos quebrá-las, então, matá-las, destruí-las.  Na verdade reside aí grande despreparo emocional para lidar com frustrações.  Egos imensos que não podem ser contrariados.

O réu é acusado de cometer 12 crimes, entre eles homicídio duplamente qualificado por motivo torpe (Eloá), tentativa de homicídio (contra Nayara e contra o sargento), cárcere privado e disparos de arma de fogo. Se condenado, a pena total pode variar de 50 a 100 anos de prisão, aproximadamente. mas, como sabemos, a lei brasileira não permite que a pena ultrapasse 30 anos.

Para combater isso, não basta a Lei, não basta o julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, e eu peço a pena máxima pra ele; precisamos começar a mudar a maneira de ver a mulher na sociedade.  Precisamos mudar a educação doméstica de nossos filhos, a educação escolar de nossas crianças, talvez se devesse até regular mais o uso do corpo da mulher como objeto de consumo em propagandas, novelas, BBB's da vida, filmes, sem querer aqui censurar nada, mas apenas conclamando a sociedade ao princípio de uma nova ética diante do Ser Mulher.
Eu vejo no Facebook tantas piadinhas com mulheres gordas, negras, loiras, baixinhas, magrinhas, pobres... pra mim é como fazer piada com judeu ou negro,  é nazismo, é racismo. Milhares de pessoas compartilham diariamente fotos e textos que DENIGREM A IMAGEM DA MULHER.  O que estamos ensinando às nossas crianças? Lembremos que esses assassinos de mulheres, esses covardes, eles já foram crianças.  Cresceram vendo mulheres serem tratadas como?  De que maneira se tratava mulheres em suas famílias? Nas redes de televisão que assistiu a vida inteira, como a mulher aparecia?  Por que pra vender um pneu ou um carro ou um perfume, precisa ter uma mulher seminua ou tirando a roupa?
Lindemberg deve ser condenado sim. E todos esses algozes domésticos devem sê-lo, até que se extirpe essa prática assassina e genocida do nosso modus vivendi.
Porém, que fique bem claro, eles não são a causa dessa violência. Reflitamos mais sobre a sociedade em que vivemos e os valores que a sustentam.

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A violência contra a mulher é uma das formas mais cruéis de atentado aos direitos humanos